sexta-feira, 6 de novembro de 2015

CHOVEU NA CABECEIRA

                                           CHOVEU NA CABECEIRA

Sempre mencionamos a lei de Murphy quando alguma coisa e, normalmente seguida por outras não vão bem; porém, há dias ou situações que invocar a lei desse engenheiro americano não é justo, pois ele somente previu que quando alguém vai fazer alguma coisa e que existe uma única chance de não dar certo, o indivíduo irá fazer exatamente essa.

Vamos aqui dar a alcunha à uma nova lei, essa sim é para não deixar dúvidas a nem aos adeptos de São Tomé, pois é uma lei escancarada e provocaria inveja ao próprio Murphy. Ela se apresenta naqueles dias que você não deveria ter saído de seus aposentos noturnos, ou o popular quarto de dormir. Não precisaria ficar na cama, pois ninguém aguentaria ficar “jiboiando” noite e dia diretos, mas bem que poderia ligar sua TV do dormitório e ver aqueles programas matinais que nossas mulheres veem normalmente quando dos seus afazeres triviais e, no decorrer da tarde, após sua sesta ao estilo nortista do país, assista a um bom filme – à tardinha já emende lendo um daqueles livros que comprou e outros que ganhou e nunca os leu. A sim, a alcunha: vamos dar o nome a “ Choveu na Cabeceira”, o que sem falsa modéstia é uma expressão eternizada por meu pai na sua cidade natal, que também é a minha querida Guará, a Terra do Sol e do lobo símbolo, pelo menos atualmente, pois houve época em que esse símbolo era uma espécie de garça, que vivia em lagoas nos tempos idos, que chegou a influenciar antigo designativo de Lagoa das Éguas dessa cidade incrustada na Califórnia Brasileira, por sua riqueza de seu solo, terra roxa de maiores valores por alqueires do país. Cidade próspera graças às tradicionais administrações alternadas dos grupos políticos Pés Rachados e os Macaúbas, com predominância dos clãs Migliori e Furtado.

Originalmente “Choveu na Cabeceira” era uma expressão usada por pescadores amadores e de água doce. Quando chove na cabeceira do rio, a água fica lamacenta e fica inviável à pescaria, pois os peixes não enxergam nada e preferem ficarem entocados. Portanto, vamos doravante usar no sentido figurado essa expressão, apesar de faltar a autenticidade de seu autor, pois já se encontra em outro plano desde o ano de 1991 num dia 05 de novembro.


Choveu na Cabeceira quando:


. Todos semáforos (em algumas regiões são faróis ou sinaleiras) por onde passa no seu trajeto, fecham quando você se aproxima. Só para variar você acelera um pouco mais para alcançar o próximo aberto e é premiado com uma multa de velocidade pelo radar e, ainda leva uma multa do guarda de trânsito que viu você avançar um “tiquinho” no vermelho. Tenho um irmão que conseguiu três multas numa única conversão que fez na Av. Sena Madureira com Av. Domingos de Moraes em São Paulo.

. O mesmo ocorre quando em sua casa ou seu escritório os aparelhos começam a dar defeitos – ora a TV que quebra, o PC que apaga e não dá sinal de vida, você por descuido deixa cair aquele copo ou taça de cristal que faz parte de um jogo valioso, nem tanto, como dizem os economistas, pelo valor real e mais pelo emotivo. O interessante é que quando começa a incidir não para, começam a acontecer como se um urubu tivesse sobrevoado sua seara e de quebra um gato preto tenha passado sob uma escada. Nessas ocasiões melhor mesmo é evitar até de se trocar uma lâmpada de um abajur pois certamente você quebrará o aparelho iluminador ou destruirá sua fiação.

. Chove na Cabeceira quando os adeptos aos jogos de azar precisam ganhar e jogam para ganhar, uns vão para o Uruguai, outros mais abastados vão para Las Vegas nos cassinos milionários e, os menos afortunados, jogadores de bingos, cometem  contraversão, no caso do Brasil, e jogam em lugares secretos. Tanto os que jogam em Vegas ou em Punta del Este, como os clandestinos “bingueiros” quando precisam não ganham; se estão no vermelho, aumentarão o seu déficit. Quanto mais insistirem mais azar terão.

. O exemplo mais clássico é aquele das filas nos caixas dos supermercados ou dos bancos, enfim, qualquer fila. Tem dia que só porque você é um contemplado participante da fila, a caixa registradora quebra, ou o papel se enrosca, quando não há um entrevero de algum colega na dianteira da fila questionar o preço e aí para tudo, ascende-se a luz vermelha para chamar o supervisor que sempre está muito ocupado e que demora uma eternidade e, haja pernas para aguentar a espera da solução do impasse.

. O maior exemplo de que Choveu na Cabeceira que ouvi há poucos dias foi o ocorrido com uma senhora que andava tranquilamente pela calçada, num bairro de São Paulo quando ao passar sob uma árvore caiu um ouriço na sua cabeça, o que requereu sua internação para extração de uma centena de espinhos de sua cabeça.

Como dizia meu pai se Choveu na Cabeceira, larga, larga, larga e se recolha ao seu canto e de preferência não fale nada e não toque em nada. E outra máxima que dizia era “jamais olhe nos olhos de alguém com alto teor etílico no sangue” – experimente para ver.... É pior que aquele que explica aos mínimos detalhes como tem passado, quando alguém, por força do costume, pergunta “como vai? ”


 Uma crônica de

Gilson Marcio Machado

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