domingo, 1 de novembro de 2015

TUDO NO DEVIDO TEMPO

                                       TUDO NO DEVIDO TEMPO

Nesse mundo que os cristãos dizem ser obra de Deus, os muçulmanos de Alá, os cientistas do Big Ben e, o Papa diz que este também é obra de Deus e, várias outras filosofias; tudo tem seu devido tempo:

. Como ainda fetos nos úteros de nossas mães temos que esperar o nono mês para nascer e deixarmos aquele mundo molhado por onde habitamos por ¾ de ano ligados a um cordão umbilical que nos alimentávamos.

. Quando criança ficamos ávidos para que a juventude chegue logo para podermos namorar, beijar e podermos ter nossa primeira experiência sexual – como será e com quem? Certamente a maioria já tem alguma garota em mente, só o pai dela não pode sabê-lo.

. Quando adolescentes cansamo-nos facilmente de sermos chamados de meninos e, queremos logo sermos tratados como adultos e, sempre temos um exemplo a seguir: ser um adulto como é o seu pai, ou padrinho, ou aquele tio que você admira.

. Quando adultos recém saídos da juventude, somos considerados muito jovens para determinadas tarefas, o que nenhum de nós, na oportunidade, concordávamos.  Mas os tempos agora são outros, nessa fase são agora os da geração Y – bem cotados e por vezes chefes dos chamados maduros.

. Quando maduros começa uma preocupação interminável até o último dia de nossas vidas, ou seja, o envelhecimento, coisa que ninguém quer para si, que o seja para os outros. É tão latente essa psicose do envelhecimento, que todos fazemos dela chacotas como uma forma de relaxar a preocupação e a realidade das rugas nos rostos, nas mãos, do botox aplicado nos lábios e nas maçãs da face, nas plásticas feitas e uma infinidade de outras coisas milagrosas que alguns fazem, como dietas, ginasticas, ioga ...
. Quando efetivamente envelhecemos começamos a ocultar nossas idades e quando questionados fazemos as famosas chacotas e mentimos ou desconversamos e, as mulheres invariavelmente mentem suas idades e, claro que para menos. Sentimos, nessa fase, uma sensação de perda – do tempo que passou e não volta mais. Uns até conseguem sobreviverem bem nessa situação e outros não, talvez a maioria. Alguns querem provar a si mesmos e também aos outros, de que estão tão bem quanto aos jovens e, começam a fazerem atividades, então fadadas aos jovens, que as levam a exaustão e correm até o risco de sofrerem um enfarte ou uma queda fatal, como por exemplo ir a um baile e dançar a noite toda, ou saltar de paraquedas, ou atravessar um rio à nado, ou surfar e outras travessuras mais.

. Quando velhos esperamos por algo que nunca iremos conseguir, pelo menos nessa encarnação, que seria termos o nosso próprio cantinho, uma casa ou apartamento que por pequeninos que sejam, mas somente nosso, como no passado todos tivemos.
. Quanto mais velhos formos ficando mais desejos vão aguçando nossos poucos e lúcidos raciocínios – são coisas que antes nos eram simples e não tínhamos a menor percepção de quão valiosas são, como ter com quem conversar e que te ouçam...usarmos cuecas e calcinhas como sempre as usamos e não esses fraldões vergonhosos que somos forçados a usarmos por incontinências.

. Quando as doenças chegam, e invariavelmente chegam, com o passar dos anos, se não morrermos antes, levarão-nos para as camas. Ai sim sentiremos vontade de voltarmos ao passado e não mais de pularmos no tempo para o futuro.
. Tudo tem seu devido tempo, até a hora para morrermos com dignidade. Esse certamente será o nosso último desejo e o derradeiro tempo.


Crônica de

Gilson Marcio Machado

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