DUPLA PERSONALIDADE EM TEMPOS MODERNOS
Com a proliferação do mundo digital e, o uso cada vez mais
massificado das redes sociais, transforma o cidadão do mundo real nesses tempos
modernos , num estilo cada vez mais
introvertido, portanto, um mero desconhecido,
sendo simplesmente mais um na multidão
e, com outra personalidade que seria sua versão digital, que vive em
comunidade participando de vários grupos , com uma vida social hiperativa , se
transvestindo ao melhor modelo que seus pares idealizam: personagem moderno,
culto, viajado, bonito, bem de vida, consumidor dos melhores produtos
disponíveis no mercado, a fazer inveja a qualquer outro personagem – mas tudo isso no mundo virtual,
onde todos se escondem nas redes da
internet, com o uso assustadoramente doentio dos smartphones, dos tabletes e ,
enfim dos personal computers.
A situação é tão complexa no mundo real que ninguém mais sai
de casa sem o seu smarphone, na verdade essa ferramenta tornou-se uma espécie
de companhia obrigatória no cotidiano. Fazem uso dos mesmos andando nas ruas, nos
transportes coletivos, nas filas de espera, e até nos pseudos bate-papos onde
ao invés de conversarem com os pares ficam a digitar os seus celulares. Sair de
casa sem o seu smarphone é tão assustador que o cidadão se sente totalmente
desprotegido do seu mundo, na realidade virtual que confunde com o mundo real.
O cidadão do mundo real não mais consegue levar uma vida
normal, ou seja, aquela vida em que as pessoas se relacionam ao natural,
trocando ideias, debatendo assuntos de interesse geral, enfim mal conseguem
conversarem, dentro dos ambientes rotineiros, incluindo suas casas, local de
trabalho e nas escolas. Só conseguem sobreviverem, quando em seus aposentos,
que se transformaram nesses tempos modernos em verdadeiros “abrigos pessoais”,
como se o mundo fora desse seu “abrigo” fosse território inimigo – claro que
mais intensamente os jovens, mas não se exclui aqui os maduros, casais já
beirando ou passando dos seus 40 anos.
Os relacionamentos pessoais estão cada vez mais rarefeitos,
sendo comum no meio das jovens expressões como: “ninguém quer saber de
compromisso” ou “está faltando homem no mercado”; pudera, os cidadãos estão se
camuflando com sua outra personalidade, aquela do mundo digital, onde podem ser
heróis nas batalhas dos jogos cibernéticos, possuem o porte de galã, fazem uso
dos melhores bens de consumo e vendem a imagem de parceiros ideais aos pares do
outro sexo, vale tudo nas postagens nas redes sociais. Se tornou um fato
corriqueiro os golpes de pessoas mal-intencionadas que ludibriam seus contatos
nas redes sociais que se envolvem emocionalmente, num mundo fictício e de
fantasias ao gosto de cada um.
A febre do mundo virtual não somente atinge os cidadãos
adultos, mas também as crianças, aliás, parecem que nos tempos de hoje já
nascem sabendo usar os computadores. Um mundo maravilhoso para os pedófilos e,
um verdadeiro pesadelo para os pais.
Os meios de comunicações, ironicamente, não se utilizam mais
as conversas telefônicas e, muito menos as conversas ao vivo, está em uso, como
se obrigatoriamente, as mensagens digitadas nos smartphones e em forma de
e-mails, como se a conversa ao vivo não mais existisse – a continuar assim o
homem na face da terra, logo não terá mais cordas vocais...
Os obstáculos de relacionamento estão cada vez mais em
ascensão, pois os textos digitados, principalmente em nosso rico e ao mesmo
tempo prolixo português, dão sentidos duplos aos fatos comunicados, quando
sabemos de “cor e salteado” que uma virgula mal colocada, pode dar um sentido
dúbio à frase – você pensa que está dizendo uma coisa e o leitor entende outra.
Muitas vezes também, usa-se o jargão: “vou te mandar um e-mail” ou “me mande um
e-mail” como protelação de algum fato importante que queira esquivar-se; como
acontece igualmente quando alguém se despede de outrem e diz: ”precisamos nos
ver com mais frequência – a gente se comunica”, na verdade voltarão a se ver,
se forem amigos ou parentes, em algum novo casamento ou velório em família.
Saudades do tempo em que conversávamos pessoalmente, olhando
olhos nos olhos, quando era normal se ouvir atentamente o que o seu
interlocutor dizia, avaliando-se simultaneamente as expressões fisionômicas,
bem como as gesticulações do corpo que também tinha sua oportunidade de falar
- éramos felizes e não sabíamos, pois,
o mundo era muito melhor e as empatias eram rotineiras entre os homens e as
antipatias eram explicitas e não implícitas.
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